quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Digo sem gosto e com as mãos ásperas,que dói.Dói feito morte,já que é perda em vida - viva.Sinto descer da boca até o interior do meu corpo uma queimação involuntária,que me desestrutura,me anula.
Bem sei que de nada adianta minhas preces,a minha vontade de mudança,porque o mundo é impassível aos meus pedidos,surdo e oco.A minha falta de palavras,a minha má expressão da língua,essa que me deu nome,sonhos e uma pátria.Ah,Deus,como queria me transpor,me 'desavessar' desse avesso contínuo que é minha vida.
A noite vem como tormento,é quando me sinto pulsar.Vai abrindo todas as portas,gritando.Não deixa adormecer as feridas.Quer sangue pungente,fluindo.
Pergunto-me:para que tanta complexidade?O aconchego e a claridade me bastavam.E agora - agora? - o cheiro soturno dos cravos deixa ébrio até a lucidez das únicas certezas.
Clareia,clareira é que preciso.Perder-me na vastidão do VAZIO.Confundir-me,enfim,esquecer.Possível será até onde durar - me durar.Porque,a cada dia,brigo com o infinito de tudo que me dura.Só não sei o final:existe algum vencedor?

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